quinta-feira, 24 de março de 2016

Ritual de Lua Cheia para Celebrar o Ciclo de Vida-Morte-Vida

A Lua Cheia brilha no céu, celebrando este auspicioso momento em que a terra dança graciosamente, movendo-se de um ciclo ao outro, de uma estação a outra.
A musica que conduz esta dança é chamada de Equinócio – o momento do ano em que dias e noites possuem a mesma duração. No hemisfério norte, onde me localizo atualmente, celebramos a chegada da primavera e no hemisfério sul, onde costumava morar, celebra-se a chegado do outono.
Aqui na Índia celebra-se o Holi – o lindo festival das cores que acontece pelas ruas de todo país, onde pessoas jogam águas e pós coloridos umas nas outras para comemorar o colorido que a primavera traz, bem como também celebram vários eventos da rica miotologia Hindu.
Mas independente da dança que estamos dançando, seja ela outono ou primavera, o simbolismo profundo do equinócio é o equilíbrio entre a luz e a sombra.
As forças da mãe natureza são implacáveis e estão sempre nos influenciando, mesmo que não tenhamos consciência disto. Porém, quando tomamos esta consciência e passamos a observar, sentir e principalmente dar boas vindas a essas mudanças, podemos usar essa potente força da mãe natureza ao nosso favor.
Os anos, os dias, as estações, as plantas, animais, a natureza em geral possui um movimento cíclico. Este é o movimento da vida, o movimento conhecido como “o ciclo da vida-morte-vida”. Somente o ser humano rema contra esta corrente – que ao invés de dançar em fluidez orgânica, se mantêm rígido como um robô querendo que tudo seja igual o tempo todo: mesma alimentação e atividades durante todo o ano, resistência ao envelhecimento, à mudança, ao novo, ao desconhecido, que em ultima instância leva ao apego doentio ao corpo, e o pior, leva ao mesmo tipo de pensamento e comportamento durante toda uma vida!
Porém nem sempre foi assim, os seres humanos de outrora estavam conectados com a Natureza e portanto, fluíam neste movimento cíclico. As mulheres são as guardiãs desta sabedoria, pois elas experimentam o ciclo da vida-morte-vida em seus corpos de forma intensa, todos os meses. Na verdade, para o corpo feminino livre de drogas, nenhum dia é igual ao outro.
E na minha opinião esta é a beleza da vida, a beleza do círculo, que traz mudanças, novidades e…. mistérios! É através deste fluir que aprendemos a confiar, a entregar, a exercer nossa criatividade, a observar e deixar morrer os condicionamentos limitantes, a receber plenamente e finalmente, sair da absurda e frustrante ilusão do controle.
O movimento “linear – robótico” drena nossas energias (pois estamos remando contra a corrente) e nos mantém iguais, roubando espaço para a evolução – que acontece em ascendentes espirais.
Aqui em casa, toda lua cheia tem ritual e cada lua cheia tem um tema. O tema do ritual de ontem foi justamente o equinócio de primavera. Onde deliberadamente convidamos o equilíbrio a entrar em nossas vidas – o equilíbrio entre a luz e a sombra, que simboliza o equilíbrio entre o masculino e feminino, entre a ação e inação, atividade e passividade, firmeza e flexibilidade, felicidade e tristeza, coragem e medo, vida e morte…
Lembrando que até mesmo o equilíbrio não é estático, ele é dinâmico, ou em outras palavras (pessoalmente uma das minhas palavras favoritas) – HARMONIA.
A primavera simboliza o crescimento, o florescimento daquilo que foi cultivado, nova vida, movimento para cima e para fora, extroversão, energia Yang. Com isso a reflexão é: O que eu cultivei é realmente o que quero colher? O que em mim está pronto para florescer? O que eu quero que cresça? Qual a nova vida que brota em mim? Qual a beleza que compartilho com os outros?
O outono simboliza a decadência, o caminhar em direção a morte, movimento para baixo e para dentro, introversão, energia Yin. Com isso a reflexão é: O que eu deixo ir? O que em mim precisa morrer? Minha vida tem espaço para que eu possa fazer um mergulho para baixo e para dentro?
Não existe melhor ou pior, ambas energias são necessárias para a nossa evolução e para manter a roda da vida girando. Porém nossa sociedade, adora um juízo de valore, e neste caso nos encoraja a estar sempre para fora, sempre produzindo, sempre rindo, sempre fazendo, etc…
Este sempre, sempre, sempre, não dá certo, não é harmônico – em algum momento colapsa.
Vamos parar de remar contra a corrente da mãe natureza e devagarzinho aprender a remar contra a corrente imposta pela sociedade – não com a nossa força física limitada e por vezes brutal, mas com a nossa potência energética nutrida e alinhada com a potência da mãe Natureza. Isso é usar a energias da natureza ao nosso favor!
Percebe a diferença?
…Até o dia em que não precisaremos mais remar contra nada, poderemos apenas fluir neste vasto oceano magnifico da vida-morte-vida.
Eu acredito que é possível… E você?
Dançando o Feminino – por Thais Pires de Andrade
Dança da Vida, dança comigo?
Eu aprendi alguns de seu passos
Já posso conduzir uma dança
Dança da Vida, danço contigo?
Me deixo ser conduzida
Seduzida por sua beleza
Surpreendida por seus mistérios
Danço cíclica
Meu corpo é flexível
Posso ser forte
Mas também sensível
Danço pendular
Meu corpo tem energia
Direciono para dentro ou para fora
Conforme a magia do dia
Danço em espiral
Meu corpo é divinamente animal
E quando me torno irracional
É que encontro minha face imortal.

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